Condenada à morte por assassinato, ela desafiou a justiça, salvou a si mesma e a centenas de pessoas

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Por AE Brasil el 03 de November de 2022 a las 20:49 HS
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Susan Kigula vem de uma família de classe média do interior de Uganda. Criada para ser uma “princesinha”, resolveu deixar tudo para trás e tentar uma vida independente em Kampala, a capital do país. 

Foi lá que, com 18 anos conheceu aquele que viria a ser seu marido, Constantine Sseremba, dez anos mais velho que ela. O casal passou a morar junto e teve uma filha. 

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Por algum tempo, o casal teve uma vida tranquila e feliz, mas, em dado momento, algo mudou radicalmente. 

No meio da madrugada, enquanto dormia, Susan despertou com uma perfuração na nuca. Assustada, viu que litros e litros de sangue ensopavam a cama – e não só sangue dela: seu marido dava os últimos suspiros ao seu lado, com o pescoço cortado. 

Desesperada, Susan saiu em busca de ajuda. Como estava seriamente ferida, acabou desmaiando. 

Quando acordou, horas depois, já no hospital, soube da terrível morte do marido. A filha do casal e o filho de Constantine, que também morava com os dois, não sofreram ferimentos. 

Tudo indicava que eles haviam sido vítima de uma tentativa de assassinato, mas Susan não sabia o motivo. 

Eis que três dias depois da tragédia, ela é presa e acusada de homicídio. Imediatamente, Susan, já com 21 anos, foi levada a uma prisão de segurança máxima próxima a Kampala. 

Para efetuar a prisão, a polícia tomou como base o testemunho do filho de Constantine, então com 5 anos, que afirmou ter visto Susan tentar matar o pai. 

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Quando saiu o veredito, descobriu que seria condenada à morte por enforcamento. Tudo isso aconteceu em 2000.

Mas a perspectiva de encarar o corredor da morte não a abateu. 

Na prisão, Susan dedicou a estudar Direito para tentar encontrar uma forma de salvar a si mesma e a outras centenas de mulheres em situação similar no país. Sua dedicação era tão grande que chamou a atenção de uma ONG, que lhe ofereceu um curso por correspondência pela Universidade de Londres. O projeto foi um sucesso.

Confiante, ela acabou criando um pequeno consultório na prisão, e ajudou a centenas de mulheres a resolverem suas questões legais e receberem liberdade.  

Determinada a provar a própria inocência, ela resolveu entrar com um pedido coletivo questionando a pena de morte obrigatória para certos crimes. A ideia era declarar a pena inconstitucional.

Num dos casos mais emblemáticos do país, o trabalho de Susan foi fundamental para flexibilizar uma lei duríssima. Agora, pessoas condenadas à morte teriam direto a um segundo julgamento.

Foi assim que ela mesma encarou um novo julgamento, depois de 11 anos presa. A Suprema Corte reduziu sua sentença para 20 anos. Descontado o tempo em que ficou presa preventivamente, a pena terminou em 2016 e Susan finalmente foi solta.

Mas o trabalho estava apenas começando. Susan queria justiça também para outras 417 prisioneiras. Dessa forma, surgiu uma ideia genial: criar a primeira escola de Direito do mundo a funcionar dentro de uma prisão.  O objetivo é ajudar a pessoas que não podem bancar um advogado a representarem a si mesmas nos tribunais. 

Hoje, Susan mora com a irmã e a filha, que já está com 19 anos. O caso do assassinato de Constantin nunca foi totalmente esclarecido.


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Fonte: G1 | Imagens: Arquivo pessoal